Após um cansativa viagem a negócios, Henry finalmente sentia-se em paz. Foram quatro dias de estresse, correria e apreensão. A firma estava o pressionando, especialmente a respeito do atual projeto. Felizmente tudo havia dado certo e ele agora estava voltando para casa.
Eram quase duas horas da tarde e o ônibus partiria em três minutos, ele precisava se apressar! Subiu a rampa correndo e chegou aos boxes. Uma fileira de ônibus preenchia todos eles, avistou o seu e apressou o passo em sua direção. Ao se aproximar, percebeu que ainda haviam pessoas entrando, isso fez com que pudesse relaxar e livrou-o da sensação de urgência. Colocou-se na fila, e quando chegou sua vez, entregou o bilhete ao motorista e entrou. Carregava consigo apenas uma maleta, na qual havia pouca coisa; apenas o suficiente pros quatro dias em que ficara na cidade. Acomodou-se em sua poltrona, a de número dois(corredor) e ficou aguardando a partida. Quando o motorista entrou e apresentou-se aos passageiros, a poltrona ao seu lado seguia vazia. Henry então aproveitou para ficar mais a vontade. Colocou os fones de ouvido e espalhou-se, ocupando ambas as poltronas. Instantes depois ele sentiu o motor sendo ligado, e o veículo afastando-se em marcha ré. A viagem havia começado.
Quando as luzes se apagaram, Henry já estava quase pegando no sono, mas sentiu uma necessidade urgente de ir ao banheiro. ''Mas que merda'', resmungou, e então levantou. Atravessou o corredor devagar, tendo de se segurar nas poltronas, e no final passar por cima de uma perna, que recolheu-se. Entrou no banheiro e trancou a porta. O alivio foi instantâneo assim que começou a urinar. Quando terminou, apertou o botãozinho vermelho da descarga e virou-se para a pia, onde lavou as mãos. Para sua felicidade, a água estava morna. Antes de sair deu uma rápida olhada no espelho e já estava com a mão no trinco, quando algo chamou sua atenção. Aproximou o rosto e viu um filete de sangue escorrendo lentamente do seu nariz. Fez uma cara feia e limpou o sangue com papel toalha, sem dar muita importância. Saiu.
Ao voltar para sua poltrona, ajeitou-se do mesmo jeito que estava anteriormente. Estava tudo silencioso. Aparentemente, todos os passageiros pensavam apenas em uma coisa: dormir. As pessoas andam muito cansadas hoje em dia, pensou Henry, e deitou a cabeça em diagonal com a poltrona e a janela. Logo adormeceu.
Um baque o fez despertar. Henry deu uma olhada ao redor; ainda estavam todos dormindo. Espreguiçou-se e observou pela janela; já era noite lá fora e isso o assustou. Como pode ser noite!? A previsão de chegada era as 17:30! Tirou o celular e olhou a hora. O display marcava 16:04. Deve ter pifado. Guardou-o no bolso da calça e levantou, só então percebeu o quanto estava frio. Deu uma rápida olhada no corredor e não viu ninguém acordado; decidiu então falar com o motorista. Puxou a porta para o lado e entrou na cabine.
- Oi, desculpe, mas a previsão de chegada não era as 17:30 da tarde?
O motorista nada respondeu. Henry viu que o relógio digital do ônibus marcava 16:04. ''É a mesma hora que está no meu celular.'' Olhou pra estrada, ela seguia sempre em linha reta, e parecia não ter nada a sua frente. Era como se ela surgisse a medida que o veículo avançava. Henry olhou pro motorista, que continuava imóvel, como se não estivesse percebendo sua presença. ''Mas o que esta acontecendo?'', pensou, e então chamou-o mais uma, duas vezes e nada. Henry encostou no braço do motorista e deu um pequeno empurrão. O homem desabou de lado; estava morto. Meu Deus!, gritou Henry, já pegando no volante com as duas mãos. Colocou o cadáver para o lado e tentou parar o veículo, inutilmente. O volante estava enguiçado e a estrada a frente seguia sempre reto, nunca acabava. Mas o que, o que é isso? Ele se levantou e puxou a porta da cabine. Lá dentro, todos continuavam em silêncio, dormindo. O corpo de Henry tremia, a medida que avançava pelo corredor. O formato de uma mão pendia de um dos assentos. Olá? chamou, mas ninguém respondeu. De repente as luzes se acenderam, revelando corpos cobertos de sangue e sangue respingado nas janelas, no corredor, em tudo! Henry deu um grito de pavor e acabou caindo depois de tropeçar em uma perna. Era apenas a perna, o corpo ao qual ela pertencia estava mais adiante. Meu Deus!!! Henry levantou-se gritando. Um líquido quente parecia escorrer pela sua cabeça. Passou a mão e ela voltou trêmula e ensanguentada. Em estado de choque ele caminhou até o banheiro, para observar-se no espelho. Havia muito sangue escorrendo de sua cabeça e narinas; sua pele estava extremamente pálida; seus lábios tremiam. Ficou parado olhando sua expressão horrorizada. Ele não sabia o que fazer, não sabia o que pensar, não sabia de mais nada. De repente o ônibus começou a tremer, e então um impacto jogou-o para trás com muita força.
- Não! - gritou Henry, sentindo-se envergonhado, ao perceber que havia sido apenas um pesadelo. Uma menininha ao lado olhava-o, e ele deu um sorriso sem jeito pra ela, que virou o rosto rapidamente. Lá fora o Sol brilhava forte. Meu Deus, disse ele, e limpou o suor do rosto. Tirou o celular do bolso para conferir a hora; o display marcava 15:53 da tarde. Henry levantou-se e foi novamente até o banheiro. Estava suado e um pouco descabelado. Passou água pelo rosto e depois secou-o. O papel toalha voltou com uma pequena mancha de sangue. Henry olhou no espelho e percebeu que seu nariz estava sangrando de novo. ''Mas que merda.'' Limpou o nariz e saiu. Atravessou o corredor novamente. Uma mulher havia acordado e estava teclando em um tablet; uma coisa extremamente normal, mas que chamou a atenção de Henry. ''É bom ver pessoas vivas.'' pensou consigo mesmo. Decidiu então dar uma olhada no motorista. Não que tivesse algo urgente a perguntar, mas sentia essa necessidade. Puxou a porta e entrou na cabine.
- Oi, perdão mas, qual é a previsão de chegada? - Henry já sabia a resposta, mas queria ver o motorista responde-lo.
- Se não houver imprevistos, chegaremos até as 17:30.
- Ok, obrigado.
Antes de voltar, Henry olhou o relógio digital do painel; ele marcava 16:03 da tarde. Um frio percorreu-lhe por toa a extensão do corpo e logo a frente na estrada, um caminhão desgovernado invadiu a pista contrária, desviando de um carro e fazendo outros dois se chocarem. O condutor do caminhão buzinava e estava desesperado. Foi tudo muito rápido; Henry olhou novamente pro relógio, que mudou para 16:04. A virada brusca no volante o fez cair com violência. O estalo em suas costelas foi alto, provavelmente haviam quebrado. Mas Henry nem teve tempo para sentir a dor queda; teve tempo apenas para notar a expressão horrorizada do motorista do ônibus, e depois de um enorme barulho de impacto, tudo ficou escuro.
Conto escrito por Otávio Augusto Hoeser.
Sabine d'Alincourt
18 comentários:
Gostei, muito bom!
ameii :3
Olha ! Achei muito interessante . Um pouco clichê a história . Mas foi bem detalhada . Resultado ... prende a atenção . Parabéns
Pode até ser clichê, mas ficou muito boa. Adorei, parabéns!
Adorei!!!!
Pessoal tem um grupo de pessoas aqui que estão começando a fazer vídeos de Terror em apenas 1 minuto, muito interessante , quem quiser saber mais, entre no canal deles que é esse aqui. www.youtube.com/user/terrorem1min
Ate que em fim um post q presta ¬_¬''
muito bom! medo B que me desculpe, mas ultimamente só estão postando porcaria....
Agradeço a quem tiver lido e gostado. Quem não gostou, peço paciência, pois estou melhorando. Irei continuar enviando meus contos aqui para a MEDO B, mas vocês também podem acompanha-los no meu blog. Novamente obrigado (:
Kim parabens mesmo, história muuuito boa, vc escreve extremamente bem ! Espero que continue mandando mais contos como esses, foi um dos melhores posts do Medo B que eu vi nesses dias, gostei muito o/
Legal, gostei ^^
muito bom
Agora sim o medob ta voltando .... Gostei !
Muito bom! Pode até ser clichê, mas envolve o leitor de tal maneira que é impossível não ficar tenso! Parabéns! Grande conto!
conto fraco e sem nenhum sentido... sinto vergonha ao ler os posts do medo b as vezes
Sem sentido? Você pode até o considerar fraco, mas pelo visto, você também não o entendeu. ;)
Quem reclama do contos, pq continua lendo. Amigo se não gosta não le, simples.
ótimo!
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