8 de abril de 2010

Horror em Amityville - Jay Anson

Ei você, está ai sem fazer nada está noite ? aqui vai outra dica de livro que você deve ler pra não ter mais coragem de ficar sozinho no quarto...
Resenha do Escritor Mário Carneiro Jr.
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Olá! Após resenhar dois livros de contos, chegou a hora de comentar um romance. E como esse blog tem MEDO no nome, resolvi falar de um livro capaz de causar essa nobre sensação que tanto apreciamos! Um do tipo que vai fazer você interromper a leitura de vez em quando para olhar por cima do ombro, e te matar de susto caso o telefone toque bem nessa hora: Horror em Amityville, de Jay Anson.




Antes de mais nada, é importante frisar uma coisa: esqueçam o péssimo filme com o mesmo nome, lançado em 2005. Embora a história seja a mesma do livro, ela é abordada com a sutileza de um rolo compressor. O primeiro filme baseado no livro (lançado em 1979) também não é grandes coisas, e particularmente não recomendo. Uma boa adaptação de Horror em Amityville teria que ser no estilo documental, não só pelo livro ser “baseado em fatos reais” (entre aspas mesmo), mas principalmente porque ele segue na linha de um “Atividade Paranormal”, ou mais precisamente, na linha do programa Assombrações, que passa no Discovery Channel.

A obra de Jay Anson é bastante criticada por autores como Stephen King e Peter Straub, que consideram o livro “uma enganação”. Isso porque o escritor alegou ter feito uma “ampla pesquisa” sobre a verdadeira casa de Amityville, afirmando que entrevistou os moradores da verdadeira casa, que juntou depoimentos, estudos de parapsicólogos, etc. Em resumo, um marketing digno do filme Bruxa de Blair. O problema é que boa parte da pesquisa de Anson foi acusada de errônea, fraudulenta, exagerada ou simplesmente baseada em mentiras dos habitantes da casa. Muitos leitores sentiram-se enganados por terem acreditado em cada palavra da obra, afinal, o escritor havia afirmado que “Até onde me foi possível verificar, todos os acontecimentos narrados neste livro são verdadeiros”. Estamos então diante de um “mockumentary”, ou seja, um falso documentário em forma de livro!

E não é difícil para os desavisados acreditarem em Horror em Amityville. A história é narrada de forma quase jornalística, os acontecimentos sendo mostrados de maneira impassível e crua. Sim, não há nada de “literário” nisso. De fato, a narrativa é bem simplória, mas está longe de ser mal-escrita como muita gente afirma. Além do mais, o livro é cheio de clichês e possui vários defeitos (como o desenvolvimento claudicante dos personagens), porém ele possui uma qualidade que compensa todos esses defeitos: a eficiência em causar medo. De fato, causa muito mais medo que dezenas de livros que são beeem melhor escritos!

É por isso que comparo a obra com filmes como Bruxa de Blair e Atividade Paranormal: basta uma análise superficial para notarmos que eles ignoram várias regras básicas do cinema, falham vergonhosamente em outras, são cheios de erros, parecem amadores, etc. Por outro lado, esses filmes assustam mais do que muitas superproduções bem produzidas (eu sei que isso é subjetivo, se você não gostou desses filmes, é seu direito, ok?) justamente por parecerem gravações caseiras, sem uma trama bem definida; eles simplesmente mostram os acontecimentos de forma quase aleatória, emulando algo que poderia acontecer na realidade com muito mais eficiência. Esses filmes - e livros como Horror em Amityville - são como um show de mágica, onde sabemos que é tudo truque, mas enquanto estamos assistindo, embarcamos na brincadeira e suspendemos nossa descrença, para nos encantarmos (ou nos apavorarmos) durante o espetáculo. É claro que o mágico precisa ser bom, senão não vai conquistar a confiança da platéia. No caso de Jay Anson, acho que ele foi um mágico bastante competente.

Dito isso, falemos um pouco da história (Ah-há! Acharam que eu ia ficar só divagando, né?): na noite de 13 de Novembro de 1974, Ronald DeFeo Jr fica mais louco que o Rafael do Polegar e mata sua família na base do tiro. Após ser preso, alega a desculpa preferida de nove entre dez psicopatas: “vozes sobrenaturais me mandaram fazer isso”.

A família Lutz não dá a mínima pelota, e resolve comprar a casa apenas um ano depois. Sim, uma atitude muito corajosa, acrescida ao fato de que o imóvel está sendo vendido a um preço insignificante (fato muito comum em histórias de casas assombradas, aliás).

Como bons católicos praticantes, os Lutz convidam o padre local para benzer a nova moradia. Porém, é só o pároco entrar no recinto que uma voz hostil dizer “saia daqui”, e como ele não é bobo nem nada, obedece sem fazer qualquer comentário. Isso é só o início de um pesadelo de 28 dias, que terminaria com os Lutz abandonando o lugar às pressas e afirmando que “não passariam nem mais uma noite lá dentro” (e não, isso não é spoiler!).

Não vou entregar todos os acontecimentos sobrenaturais, só alguns para atiçar a curiosidade: em um cômodo da casa, moscas parecem surgir do nada (ok, isso não muito assustador, vou achar algo melhor para contar!); a filhinha mais nova afirma que arranjou uma amiga chamada “Jodie”, que acaba se revelando não muito imaginária; aos poucos, o patriarca George Lutz sente-se dominado por uma estranha angústia, um sentimento raivoso que o leva a agir de maneira violenta com sua família (ou seja, da mesma forma que DeFeo vinha agindo antes da matança), o que dá um tom de suspense. Portas batendo, móveis voando, vozes fantasmagóricas e outras aparições temperam a trama, além de outras cositas mais. Eu sei, eu sei, tudo isso é clichê ao extremo, mas os acontecimentos são narrados com uma competência que faz toda a diferença! As coisas vão se desenrolando numa crescente espiral de horror, até o final apavorante e muitíssimo satisfatório, que ironicamente joga por terra a suposta realidade do livro (levando a crer que o autor nunca quis enganar ninguém pra valer, apenas contar uma bem bolada história de terror).

Em resumo, faço a recomendação da seguinte maneira: se você quer algo mais clássico, uma história bem escrita, com roteiro redondinho e personagens profundos, Horror em Amityville não foi feito para você. Agora, se você estiver a fim de sentir medo, independente da “qualidade literária” da obra, então coloque Horror em Amityville no topo de sua lista de prioridades. Ah, e esse livro você só encontra em sebos, mas é bem fácil de achar, viu?

E como diria o amigo MEDO, “Bons pesadelos” ;)

Obs: se quiser ler a resenha que fiz de outro livro de Jay Anson, basta clicar aqui.
E para quem quiser ler a última resenha postada na Biblioteca Mal-Assombrada, favor clicar aqui.


Essa ultima fala é minha...
Bons Pesadelos...

38 comentários:

Anna Luiza disse...

Sugiro outro de Jay Anson que é muuuuuuiittooo melhor: "666 - O Limiar do inferno"!
Tb é casa mal assombrada, mas dá um medo!!!UUUU!!!

Deze Rezende disse...

Eu num vi o filme ainda, mas depois dessa resenha quero ler o livro e ver o filme também hehe

Mario Carneiro Jr. disse...

He he, sou obrigado a discordar da Menina Azul, pois tenho uma opinião bem diferente do livro 666 (mas opinião é assim mesmo). Aliás, também já fiz uma resenha desse livro; é o primeiro link que está no final da crítica do Horror em Amityville. Dêem uma olhada lá!

Abraços!

Mario Carneiro Jr. disse...

Valeu, Deze ;)

pequena estrela disse...

eu tenho esse livro, achei ele por acaso em um sebo. é realmente MUITO bom. lembro q na época ficava esperando alguém chegar do trabalho pra eu poder continuar lendo sem estar sozinha. rs'

Anônimo disse...

Ja li '-'

Lucas disse...

Faz tempo que lí, mas só de lembrar aqui já deu um medo.. é como dissestes : "suspendemos nossa descrença, para nos encantarmos" o livro te encanta, e dá muito medo.

Fernanda disse...

Pra quem quiser baixar: http://livrosgratis.net/download/1516/horror-em-amityville-the-amityville-horror-jay-anson.html

Um pouco pra baixo da sinopse tem o link.

Brenno Matthias disse...

claudicante: que claudica, coxeia.
Que falta a seus deveres; que comete erro de ofício.
Fig. Incerto; duvidoso; vacilante.

Mario gosto muito da sua narrativa recheada de um português muito bem escrito. Apesar de minha forma de escrever ser bem diferente (Eu tento escrever na forma falada, ou seja, na esculhambação mesmo...hehehe), aprecio muito esse tipo de literatura, que nos leva a pensar e exercitar esses neurônios já hipnotizados pela caixinha mágica. Parabéns pela resenha, muito boa mesmo!!!!
Ps: Já li esse livro e na minha opinião não chega nem nos pés de rose red ou Salem's Lot, então o mestre king, pode criticar...hehehe
Sugestão: livros do Dean Kunt, são perfeitos...todos!!!

Brenno Matthias disse...

corrigindo...Dean Koontz

Renan" Torres disse...

"mais louco que o Rafael do polegar " UAUAHHAUHAUAUAAHA³ euri , ótimo! vou ler :)

Malu disse...

Dei muita risada a hora que eu li, mais louco que o Rafael do Polegar..ahahahahahahahahahaha
Mais vou procurar esse livro, agora fikei curiosa

Gisele disse...

Quem é Rafael do Polegar?

Como sempre, uma critica muito bem escrita. Mário, quando eu leio suas criticas, sinto como se você tivesse aqui na minha frente contando sobre o livro pra mim.

Matt disse...

Eu já li esse livro faz um tempo
e dá medo
huaahuahuah
serio...
no suspense do livro, aparece dois olhos vermelhos na janela
e quando o cara taca uma cadeira no par de olhos
um som de porco gritando vem
e olha pra baixo e pegadas de porco
eeeeeeeeeeeevil

Anônimo disse...

já li.

Mario Carneiro Jr. disse...

Valeu gente, obrigado pelos comentários e elogios, estou sempre tentando melhorar. Obrigado também para aqueles que têm opiniões diversas, que gostam de outros livros, mas sabem respeitar as opiniões alheias. Infelizmente, não é em todo lugar que podemos ter uma conversa civilizada como aqui ;)

Até mais!

Mario Carneiro Jr. disse...

Assaltor, valeu os comentários! Sobre Rose Red, você está falando daquele seriado, certo? Salem'Lot é um livraço mesmo, mas eu prefiro fazer uma comparação com o livro O Iluminado, que também trata de uma casa (no caso, um hotel) com assombrações, he he. Também acho King o melhor, mas gosto bastante desse livrinho do Jay Anson aqui.

Ah, Dean Koontz tbém é legal. Não sou muuuito fã, mas adoro aquele livro dele chamado Intensidade). Algum dia, faço uma resenha de um livro dele.

Abraço!

Ani... disse...

Este livro é ótimo eu li também o 666 limiar do inferno porém horror em amityville é o melhor!!!

Lestat de Lioncourt disse...

Post massa
pow vcs podiam colocar uma sessão no medo b (poderia ser junto com as resenhas dos livros) para download dos livros
abraço a todos

Lestat de Lioncourt disse...

OBS: E realmente os filmes baseados nesse livro são umas merdas

Mahal disse...

esse é fodástico mesmo...dá vontade até de ler de novo!!!outro que podia ganharuma boa resenha é o livro "A Profecia" de David Seltzer, na minha opinião o único livro que ganhou um filme à altura dele.

Anônimo disse...

rsrsrs


ué esse blog não é medo?
tão cade o medo???
eu kero me cagar de medo caras!!!


rsrsrs

Anônimo disse...

HEY!!!



FOI

PROVADO

QUE

ISSO

EM

AMYTIVILLE

FOI

FARSA!!!

SE LIGA!!!

Anônimo disse...

eu não li nem esse livro e nem outros que tem, mas eu achei que o filme ficou bom sim :D
claro que como sempre quando vão fazer um filme baseado em um livro eles deturpam a história original. mas como eu não li o livro não posso dizer qual é o melhor

Rodrigo disse...

eu li este livro e gostei muito, dá medo mesmo.

Mario Carneiro Jr. disse...

Primeiro anônimo do dia 11, eu sei que é farsa, meu texto deixa isso bem claro. É só ler, ok? Abraço!

Rah disse...

Tenho esse livro em casa e realmente é MUITO bom!Vi os dois filmes, já sei a história toda mas sempre que leio o livro me da um frio na espinha.

Fran disse...

Historia verdadeira ou não, o livro é muito bom, eu baixei ele pela net então nem sei se tava completo. Mas eu adorei :D

Unknown disse...

Olha sou consumidor voraz de livros do tipo, compro sempre na estante virtual pelo menos uns tr~es por mês, sou fã de King, Poe, Koontz, Lovecraft e tantos outros mas posso garantir que nunca, NUNCA li um livro de terror que realmente me fizesse sentir medo como esse livro do Jay Anson, li duas vezes e todas as vezes a sensação de medo foi a mesma, simplesmente infernal esse livro. Outro livro que chegou perto desse foi Os Mortos Vivos de Peter Straub, mas "Horror..." ganha disprado.

E agora vou assumir o mico, eu juro de péz juntos que pra mim essa história era real, inclusive o livro tem até a foto do casal Lutz assim recortes de jornais da época.

Parabéns Mário, mais uma pusta resenha, como alguém disse aciam parace que vc está de frente pra gente em carne e osso falando do livro.

Abraços.

Ominona disse...

Comprei esse livro pra minha namorada (exatmaente esse que está na imagem) depois q ela leu eu fui ler também. Nóssa muito Bom mesmo senti medo mesmo xD

estou lendo IT agora e está excelente também (y)

Milkshakedepalavrasdalu disse...

Fiquei com vontade de ler. E gostei da sua maneira de falar dos livros. rs
Eu tb gosto de falar deles descontraidamente e nao formalmente.
Bjs! Lu

Vanessa disse...

Eu li esse livro faz umas 2 semanas! É muuito bom!!
E é muuito legal teu blog! :)

Anônimo disse...

O LIVRO É MUITO MELHOR K O FILME

Dinnah disse...

Concordo plenamente MedoB, eu enguli esse livro! É muito bom de se ler, e pra quem SE PERMITE sentir medo, é mt assustador!

Camila Zimmer disse...

Li esse livro de uma tacada só, em um ou dois dias, não conseguia largar.

Concordo em tudo na sua crítica. É um livro bobo e pueril em sua forma, escrito sem pretensão de ser um clássico, mas serve como entretenimento.

E sim, os dois filmes são uma porcaria, principalmente o de 2005. Nem o Ryan Reynolds delícia salva.

Mandy disse...

o post despertou a vontade mas não a coragem em lê-lo rsrs
...quem sabe eu fique menos medrosa e procure ele kk

Unknown disse...

Mario, você não sabe como estou me sentindo mais... aliviada, hehehe... Só de ler sua crítica, e algumas opiniões de leitores, dizendo que tudo foi uma fraude. Ainda bem, né? Porque, independente de o livro ser "real" ou "fraude", o tal "relato" do casal Lutz dá medo, sim! Claro que os americanos são peritos nessa arte (a arte do horror, tanto cinematográfico quanto literário), a gente sempre fica pensando, refletindo: Mas, e se for verdade? E se tais monstruosidades ocorridas na tal casa forem (ou foram) reais? Ui, nem quero pensar nisso!!

Eu lembro que, na primeira leitura (quando eu tinha meus 15 anos), nem liguei muito, considerando a narrativa, como vc mesmo colocou, simplória, simplista e superficial. E, lógico, terminada a leitura, esqueci o livro.

Mas na segunda leitura (semana passada), comecei a juntar outras peças dos grandes "mistérios do sobrenatural", ou seja, lembrei de outros livros sérios (espiritualistas, esotéricos, religiosos, etc.) que relatavam casos muito similares aos da narrativa de Jay Anson (e às supostas aventuras vividas pelos Lutz). Em muitos casos, a situação era bem desesperadora, a ponto de os moradores de tais casas (supostamente assombradas por poltersgeits) terem de abandoná-las.

Então, ficou uma pontinha de medo e receio. Se algo do gênero ocorreu mesmo na cidade de Amityville, do modo como foi narrado por Jay Anson, é para se ficar mesmo com todos os cabelos em pé, rss...

Felizmente, já li também muitas críticas e comentários, a maioria assegurando que o livro todo foi uma fraude (que os Lutz, na verdade, fugiram da casa por não terem dinheiro para saldar a dívida ou coisa parecida). E que o lance do livro foi um jeito de ganharem dinheiro...

Espero que seja isso mesmo....

Abraço!

Unknown disse...

Já li esse livro, muito bom por sinal. Só lia de dia, pois a noite me dava medo hehehe. Comprei bem baratinho pelo Mercado Livre.