9 de julho de 2010

Cruz do Patrão


Conhecida como o local mais assombrado de Recife, A Cruz do Patrão fica onde antes existia um istmo que ligava Recife e Olinda, às margens do Rio Beberibe e servia de baliza para os barcos que chegavam para atracar.
Dizem que foi construída a mando do patrão-mor do porto e que além de marco de navegação, a Cruz tinha outras funções. Lá eram enterrados os negros pagãos mortos durante as viagens nos navios vindos da África. A areia da maré facilitava esses sepultamentos improvisados. A inglesa Maria Graham fez um relato no qual afirmava ter visto pedaços de corpos em volta do marco.
Até o século XIX, no local também eram fuzilados os militares condenados à pena capital.
Segundo o escritor Franklin Távora acreditava-se que todos que passassem pelas imediações da Cruz do Patrão à noite veriam almas penadas ou seriam perseguidos por terríveis espíritos. Além disso, ocorreram fatos trágicos ali, conta-se de um estudante foi encontrado assassinado junto à Cruz. Culpou-se um soldado, que foi preso e mandado para Fernando de Noronha. Tempos depois descobriu-se que o culpado seria outro indivíduo, que cometera o crime animado por um "espírito infernal". Mas a revelação chegou tarde já que o soldado acabou morrendo na prisão da ilha.
Como muita gente preferia o caminho mais longo entre Olinda e Recife para evitar passar pela Cruz do Patrão isso tornou o lugar um ponto ideal para reuniões de feiticeiros praticantes das artes mágicas vindas do continente africano. Os encontros aconteciam principalmente nas noites de São João. Conforme relatos da época, um desses festejos teve como ápice o aparecimento do próprio Exu, figura com olhos de fogo e preto feito carvão. O espírito dirigiu suas atenções a uma moça que participava do culto e a perseguiu até o rio Beberibe, onde ela se atirou.
No século XX, a Cruz ainda fez outras vítimas. Veja, por exemplo esta nota publicada pelo jornal A Província em 15 de setembro de 1929, sob o título "Na Cruz do Patrão, um marítimo morreu afogado"

"Na Aldeia do Brum, bairro do Recife, residia Cyriaco de Almeida Catanho, remador da praticagem da barra. Pela manhã de ontem, cerca de seis horas, aquele marítimo deixou a sua residência indo banhar-se na Cruz do Patrão, local onde várias pessoas têm morrido afogadas (grifo nosso). Em certa altura do banho, alguns companheiros de Cyriaco Catanho que se encontravam nas proximidades da Cruz do Patrão observaram ele pedir socorro. É que a sua vida perigava. Trataram de dar os socorros solicitados. Infelizmente, porém, estes não deram o resultado esperado. Cyriaco Catanho havia se submergido. Comunicado o fato à Polícia Marítima, foram iniciadas as pesquisas para o fim de ser encontrado o cadáver. A polícia do Primeiro Distrito também tomou conhecimento da ocorrência. O morto era casado e deixou um filho de dois meses de idade."

A Cruz do Patrão resistiu ao tempo, às investidas da maresia e à falta de cuidado. Ela pode ser vista por quem passa na Ponte do Limoeiro, embora poucos saibam o que ela representa. O esquecimento da sua história seria obra dos espíritos malignos e almas que habitam o lugar?


Bons pesadelos...

14 comentários:

Lara disse...

FIRST!!!
Pois é...já passei por lá e não sabia dessa história..será q estou sendo perseguida por fantasmas malignos??
OMG

Anônimo disse...

O Brasil tem ótimas histórias de terror pra contar, mas a nossa população se acostumou com a cultura importada e dizem que essas coisas são só macumba. PS: 1a vez que acesso o Medo de madrugada, é mais legal. Agora q to de férias, vai ser rotina XD

Ana disse...

AAAH, Recifeee (L)

Queeeem sabe, né, ano que vem não dá certo de eu dar uma espiada nessa cruz =X

Peu disse...

aki???vo passar por la ^^

Emery disse...

Nossa , muito interessante mesmo essa história. Gostaria de poder conhecer esse lugar...

Léo Ottesen disse...

Só tem uma coisa que me deixou meio dúbio sobre a lenda... os escravos mortos nos navios negreiros eram atirados ao mar, apenas os católicos eram enterrados. Na África não existia a tradição de enterrar os mortos, nem os escravocratas gastariam seu tempo enterrando os pagãos como católicos Oo'
propagandinha... www.amor-cigano.blogspot.com

João, ainda quero participar do medoc!!! Sou umbandista e acho que o podcast precisa de uma visão diferenciada sobre certos assuntos. Abç

Amanda disse...

legal '-'2

Felippe.w disse...

Otimo lugar pra visitar nas férias =D

João Felipe disse...

Cadê os créditos da fonte?

http://www.pousadapeter.com.br/indexfotos_cruz_do_patrao_recife.htm

pequena estrela disse...

joão felipe.

nem foi ai que eu soube sobre a Cruz. =D

Alexandre Ribeiro disse...

Aqui no Recife muitas pessoas conhecem essas histórias e acreditam nelas. O local é realmente tenebroso!

Anônimo disse...

Que massa! Aqui no Recife há muitos desses contos mesmo. Uma vez fiz um tour pela cidade só sobre suas lendas e folclore e tal organizado pela prefeitura. Tipo, várias pessoas caminhando pelas ruas do Recife Antigo(bairro mais antigo da cidade) de noite. foi mt bomm

Leo disse...

Agora que falou em noite de São João,eu lembrei de uma coisa...

Uma senhora que trabalhou aqui em casa sempre me contava uma lenda que se você passasse em cima da fogueira à exata meia noite do dia 23/24 de junho (dia de São João) não se queimaria!!

Ela vivia contando isso,claro que eu nunca quis testar!
Alguem mais já ouviu essa história??

Ailien disse...

Nos bons e velhos tempos, ser mandado para Fernando de Noronha era castigo...