18 de julho de 2011

Caçador de Reencarnados


Erlendur Haraldsson adora conversar com crianças. Tanto que o psicólogo islandês de 78 anos já encarou mais de nove viagens ao Sri Lanka e outras seis vezes até o Líbano só para ouvir as histórias que os pequenos do outro lado do mundo poderiam lhe contar. Nada de brincadeiras ou travessuras, o que há de comum nos relatos dessas vozes infantis é uma narrativa direta: como elas morreram.

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Carbonizadas, vítimas de homicídio, afogadas: boa parte das crianças ouvidas por Haraldsson é capaz de narrar, detalhe a detalhe, histórias de mortes violentas que teriam sofrido em outras encarnações. É o caso de Purnima Ekanayake, garota que o pesquisador conheceu quando tinha nove anos, na década de 90, em Bakamuna, um vilarejo do Sri Lanka. Purnima, uma “menina linda e encantadora”, melhor aluna da classe, aos três anos começou a contar aos pais sobre uma outra existência que teria vivido antes de nascer. Um dia, ao ver a mãe aborrecida por conta de um acidente de carro, comentou: “Não ligue para isso, mamãe. Eu vim para você depois de um acidente. Tinha um monte de ferro no meu corpo”.

A menina começou a contar histórias detalhadas sobre uma vida anterior, na qual teria sido um homem, funcionário de uma fábrica de incenso. Relatou a localização da fábrica, o nome da antiga mãe, deu detalhes sobre o número de irmãos, as marcas de incenso que eram produzidas, os carros da família, a escola... Seguindo as indicações, seus pais chegaram à família de Jinadasa Perera, fabricante de incensos que morrera atropelado por um ônibus dois anos antes de Purnima nascer.

“Este é Wijisiri, meu cunhado”, foi o que a menina, sem nunca tê-lo visto antes, disse ao entrar na antiga indústria de incenso, a 230 quilômetros da sua casa, segundo testemunhas entrevistadas por Haraldsson. A menina ainda olhou para as embalagens e perguntou: “Vocês mudaram a cor?”. A cor das embalagens havia sido alterada logo após a morte de Jinadasa. Ao analisar as informações dadas por Purnima antes desse encontro, Haraldsson concluiu que os relatos se encaixavam no perfil do morto. E foi além. Vasculhando os registros da necropsia de Jinadasa, apurou que o atropelamento havia ferido o fabricante de incenso no lado esquerdo do abdome — mesmo local onde o corpo da menina Purnima exibia manchas brancas de nascença.

Três décadas de reencarnação
Longe de ser exceção, histórias como a de Purnima são uma constante na vida do islandês. Haraldsson viu o que restou dos seus cabelos embranquecer enquanto trocava o frio de sua terra natal pelo calor de vilarejos e cidades densamente povoadas do terceiro mundo. O Ph.D. em psicologia e professor emérito da Universidade da Islândia passou as últimas três décadas colecionando histórias de crianças sobre vidas passadas. Foram exatas 94 investigações sobre essas narrativas no Líbano e no Sri Lanka, países onde os relatos são mais numerosos, provavelmente por conta da religião — o budismo, no Sri Lanka, e, no caso do Líbano, o drusismo, uma religião de influência islâmica que acredita na reencarnação.

Haraldsson identificou um padrão nessas narrativas. Na maioria dos casos, elas aparecem entre 2 e 5 anos e são comuns os relatos de morte violenta. Algumas das crianças pedem para conhecer os familiares da suposta outra vida. Outras, vão além. “Vocês não são meus pais de verdade” foi o que Dilukshi Nissanka passou a dizer desde que tinha três anos, para a tristeza de sua família, em Veyangoda, no Sri Lanka. A menina insistia em rever sua “outra mãe”, dizendo que seu nome verdadeiro era Shiromi e que havia se afogado num rio. Depois que a história foi publicada num jornal local (casos de reencarnação fazem tanto sucesso na imprensa popular do Sri Lanka como as mulheres-fruta nos nossos tabloides), os pais da garota foram contatados por uma família de outra cidade: eles contaram que, anos antes, a família havia perdido uma filha chamada Shiromi, afogada em um rio. Examinando declarações da garota antes do encontro entre as famílias, Haraldsson constatou que Dilukshi acertara várias informações sobre a família de Shiromi, como a região em que viviam, o número de filhos e a paisagem local.

Coincidência?
Histórias assim impressionam, mas será que não podem ser explicadas apenas como coincidência? Foi a pergunta que Galileu fez para Haraldsson quando o caçador de reencarnados esteve no Brasil, em setembro, participando do I Simpósio Internacional Explorando as Fronteiras da Relação Mente-Cérebro. “Pode ser coincidência, sim”, diz o pesquisador. Para logo em seguida acrescentar pausadamente, em tom didático de professor universitário: “Mas há alguns casos em que isso é altamente improvável”.

Apesar de apontar evidências que considera fortes, Haraldsson evita especular sobre se a reencarnação existe ou não em seus estudos. Prefere apresentar os fatos e deixar as interpretações para quem lê. “Sou um pesquisador empírico”, afirma. “Você pode encontrar uma grande correlação entre o que uma criança conta e a vida de alguém que morreu. Isto é um fato. O que significa já é outra questão.”

Haraldsson chegou a testar a hipótese de que os relatos poderiam ser explicados por questões como necessidade de chamar atenção ou transtornos mentais. Mas isso, de acordo com o psicanalista, não é o tipo de coisa que Freud explica. O islandês aplicou testes psicológicos em dois grupos de 30 crianças libanesas, um dos quais dizia se lembrar de outras vidas. O estudo não encontrou diferenças significativas, exceto em um ponto: as crianças que relatavam vida anterior tinham sintomas de estresse pós-traumático. Isso pode ser explicado pelo fato de que 80% delas contavam ter passado por mortes violentas. Real ou imaginário, um acidente mortal ou um homicídio são lembranças difíceis para a mente de uma criança.
Método

Mesmo lidando com fenômenos estranhos, o islandês busca seguir a metodologia científica. Seu método dá preferência a fontes que ouviram em primeira mão as declarações espontâneas das crianças, como pais, avós, irmãos e amigos. Para garantir a precisão e flagrar contradições, as testemunhas são entrevistadas mais de uma vez, separadas umas das outras. Entrevistas com a própria criança são feitas depois, para evitar que o pequeno diga o que o entrevistado quer ouvir. Feito isso, o psicólogo assume papel de detetive. Com a ajuda de colaboradores locais, como jornalistas e religiosos, busca identificar pessoas mortas com histórias que se encaixem no que as crianças contaram. Na última fase, procura os registros da necropsia do morto (se houver) e analisa se há correspondência entre possíveis ferimentos e eventuais marcas de nascença. Aplicar esse método significa chegar a informações consistentes em pouquíssimos casos. Na maioria das vezes, não é possível levantar correlação significativa entre os relatos e o que de fato ocorreu. A maior parte do trabalho de investigação de 30 anos do pesquisador acaba mesmo sendo descartada. “No Sri Lanka, apenas 10% dos casos apresentam evidências fortes; no Líbano, entre 20% e 30%.” O aparente rigor e seus quase 100 artigos publicados não impedem, contudo, que o tema de pesquisa de Haraldsson seja visto como marginal. Se duvidar, é só perguntar a ele como a comunidade científica tradicional reage a seus estudos. A resposta é simples e serena: “Não há reação. Eles apenas não leem”.

Post copiado do site da revista Galileu

Achei que não tinha o que reescrever sobre esse médico, esse caso só vem a somar com aquele post sobre a Shanti Devi

Bons Pesadelos...

23 comentários:

T1AO disse...

interessante e sinistro kkkkkk....

eu entro no site a noite e depois de manha e ja tem post novo,
PARABENS, pelo site e pelo trabalho nota 100

Amante de Lilith disse...

Mas isso, de acordo com o psicanalista, não é o tipo de coisa que Freud explica

interessante e sinistro kkkkkk....²


apesar de não acreditar em reencarnações....

babi disse...

hm eu n acredito em reencarnação, mas eu sempre tive perseguição em relação á marca no corpo qualquer que seja, tudo eu falo que é porque morreu de isso ou aquilo rs talvez eu fui um médico que tambem estudava reencarnações kk

Pierre disse...

Interessante de certa forma.
Reencarnação é algo incerto na minha opinião.

Aquela história de que viemos pra um propósito definido e que podemos voltar caso não consigamos não me agrada.
Se o fato de uma alma puder voltar em outro recipiente realmente existir, quero crer que seja pela própria vontade do ser, e claro, isso é por livre escolha do mesmo.

Acabei viajando um pouco voces me desculpem, mas para vcs verem que tem mecanismos nesta realidade que mal nos damos conta de como funcionam.

Anônimo disse...

Olá tudo bem?

Anônimo disse...

Eu sou meio cética com relação á reencarnação,mais acho que talvez seja possível.Por que não?

Unknown disse...

Por que esse tipo de coisa sempre acontece em "cidades densamente povoadas do terceiro mundo"?
Eu que não quero reencarnar, se for pra ir parar num lugar desse...

Pierre disse...

ahuahauhah icedeb

da forma que vc falou isso dai não é reencarnação naum.
parece q a alma voltou pra pagar os pecados da vida anterior na miséria.

Ragnus Gc disse...

Joao , ótimo post , ei eu tava ouvindo um negocio muito legal aki no medo b. GALERA DE UM UP PELA VOLTA DO MEDOCAST !!!

Ragnus Gc disse...

UP GALERA !!!

YuMe disse...

Tenho a leve impressão que já tinham postado sobre esse cara. o_o E sobre a menininha Purnima também a_a

烈 ₣αкє disse...

Muito bom post. Será que reencarnamos mesmo? Eis a questão. Os fatos não mentem, e conhecidências existem, é isso que devemos considerar, não podemos acreditar e tirar conclusões de incertezas, logo seriam conclusões incertas que só se sabe com mais um fato. Na minha visão, a reencarnação é incerta, só saberemos dela quando morrermos e se sabermos esqueceremos dela se ela existir logo depois de reencarnar, saber dela só depois de morrer e esquecer dela depois de nascer, se é que existe. É impossível não ficar intrigado com tais casos, é dificil não ficar pensando "Mas será que eu fui de outro sexo na vida passada? Se eu fui eu sou algum tipo de travesti?"(tá essa ultima parte é de minha autoria aeiuhaiehiaue'), eu fico em cima do muro, como sempre, sempre digo "Me apresente fatos que indiquem a verdade irrefutável e acreditarei vêementemente". Muitas vezes eu me vejo pensando se é só isso que existe? Um universo, vários planetinhas, vida, tecnologia, alguns sonhos, buracos negros, quem sabe algumas dobras de espaço inter-dimensional ou de continuum espaço-tempo se é que existem... Eu sinto que tem mais MUITO mais, que está esperando para ser descoberto ou entendido, não é só isso tem mais, tem que ter mais; minha mente continua me dizendo pra acreditar em fatos... Mas pense só, antes do Big Bang(se é que existiu, pois é um fato incerto.) o universo era uma bolinha de ping pong um condensado de massa de assombrosa e monstruosa força, e em volta? Não existia nada? Se pensarmos nada ainda é alguma coisa. Então o que tinha em volta? É díficil não pensar que tem mais do que o universo, tem que ter mais, mas pra saber... Temos que quebrar alguns ovos, isto é, fazer alguns sacrifícios, talvez o menor deles seja morrer. Ou talvez exista só o universo mesmo. Se houvrt fatos que indiquem a verdade irrefutável e acreditarei vêementemente.

Quem gostou do que eu escrevi e quer discutir comigo, só add no msn: neto1910@hotmail.com

o/

Marta Macêdo disse...

Poxa Edson... desculpa, eu comecei a achar promissor, mas parei de ler seu comment quando cheguei em "conhecidências"... =/ Mas de qlqer forma ta valendo! =)

Mas falando do post... esse negócio de reencarnação é interessante mesmo, essas historias desse psicanalista com essas crianças... nao sei não. Acho que não sao meras coincidências, mas enfim... muito interessante! =)

Guto disse...

Meras coincidências, Marta? Porra.. Se isso aí é mera coincidência então quando você abre um livro exatamente na página que procurava não deve nem achar legal, porque porra, convenhamos, pode ser qualquer coisa, menos mera coincidência!! Pode ser um truque, um charlatão, pode ser real... Mas coincidência não é nem fudendo!!

Marta Macêdo disse...

Hahahahaha ooooh Gutoooo, Guto... ruuum. Lê direito rapaaaaz... eu disse "Acho que não sao meras coincidências" querendo dizer que ou é real mesmo ou pode ser um charlatanismo dos bons... eu deixei no ar qlqr umas dessas duas opções... eu não disse que achava que TUDO era mera coincidência. xD
Lê direito, moço... =)

烈 ₣αкє disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
烈 ₣αкє disse...

Enquanto isso eu continuo em cima do muro conincidência ou não só a verdade irrefutável provará. Não adianta tentar argumentar com fatos incertos, com achares e talvezes, como humanos sem conhecimento adquirido para entender ou saber tais coisas, só nos resta esperar e observar ou começar a procurar.

Bárbara disse...

muuito interessante, eu acredito sim na reencarnação e acho que pode não ser coincidencia..

Edward Kadnus disse...

muito interesante o post
ja vi muitos casos asim na tv e internet e como falarao antes a maioria são em paises do 3° mundo
eu fico em cima do muro tbm nesse asunto,pode existir ou não,ou talveis casos especificos,como os detalhados pelo Haraldsson em que quase todos erao de mortes violentas,acidentes,assasinatos enfim
mais uma coisa eu tenho certeza que Não são coincidência oque as crianças falavao,ou ate poderia ser que elas fossem manipuladas ou não afinal todas são bem novas
esse asunto ainda vai dar muita discussão
otimo post

Anônimo disse...

Não acredito em reencarnação,mas acho as histórias interessantes....


Agora,eu não entendo pq um espírito vai querer tanto reencarnar num lugar desses sempre....

Thaís Helena M. Reis disse...

Na realidade, a reencarnação segundo o espiritismo não é você ter um propósito pré-determinado e voltar várias vezes para tentar cumprí-lo. :) Todos nós fomos criados espíritos Imperfeitos, e nosso objetivo seria atingir um grau de perfeição, para ficarmos mais próximos de Deus. Como podemos fazê-lo? Reencarnando. Ao reencarnar, o espírito tenta redimir-se de seus erros passados por meio de atitudes boas para com seus semelhantes, pondo de lado a arrogância, o orgulho, a mediocridade, os vícios e a maldade. Claro que é difícil, mas temos muito tempo para chegar até um nível superior. E sim, é de livre-arbítrio do espírito reencarnar ou não. Tanto é que alguns espíritos levam centenas de anos para reencarnar (quanto menos tempo um espírito demora para fazê-lo, mais ele se lembra de suas vidas passadas, interessante ressaltar). Entretanto, todos os espíritos estão dispostos a redimir-se e reencarnar :)

Por favor, não sou especialista no assunto. Não me julguem mal, e perdão se alguma informação estiver equivocada. :) Só queria compartilhar um pouco do fruto de minhas leituras, pois acho o assunto interessante.

Maria Eduarda disse...

Legal,esse post.
Eu tenho uma machina pequena na minha buchecha e ela só aparece quando eu corro ou faço algum tipoh de atividade fisica...
Será que é alguma coisa,por exemplo eu pude ter levado um tiro no rosto em outra vida???
Ou não é nada a ver?
Eu vou perguntar para a minha avó se na minha familia alguem levou um tiro,ou algum tipoh de deformação no rosto...e depois conto aki...

Maria Eduarda disse...

Ha,uma coisa q eu eskeci de falar,uma vez a minha avó falou q eu era descendente de alemão,indio e inglêses...
E na minha familia é muito comum de vez em quando vez vultos,espiritos e até prever as coisas em sonhos...
Alguma relação?