7 de outubro de 2013

Brincadeira de criança

O garoto colocou a cabeça contra a parede. Ela estava parada logo atrás dele, esperando. Então começou:
- Um, dois, três…
E Ana saiu correndo. Tirou os sapatos para que fosse mais quietinha - não queria deixar nenhum rastro, nenhuma dica de onde iria se esconder.  Fuçou na cozinha. Será que ia caber dentro dos armários? Examinou um instante e decidiu que não. Mesmo se conseguisse se enfiar, as panelas fariam barulho. Derrubou algumas para despistar e voltou à sala. Ele ainda estava no quarenta.



Deslizou com as meias pelo corredor. Tão rápido e discreto! - teve que cobrir a boca, para ter certeza que não ia fazer som algum. O quarto dos pais.. o quarto dos pais!... abriu a porta, mas não teve coragem de entrar. Os dois estavam deitadinhos ali na cama, a TV ligada. Sabia que podia ir e se esconder porque eles não iam a entregar, mas preferiu procurar mais.
Lá da sala, ele gritou sessenta.
O banheiro! Ah não, o banheiro não. Sua irmã estava lá tomando banho antes deles começarem a brincar. O banheiro estava um caos. Sem contar que fedia! Espiou pela fresta da porta, só pra ter certeza, e sim, a menina ainda estava lá, esparramada na banheira, com fones no ouvido, sem mover um músculo sequer. É claro que estava. Dali da porta mesmo Ana conseguia escutar um pouco da música. Saiu correndo, de novo.
Lá da sala, veio um oitenta.
Restava tão pouco tempo... o quarto! O quarto delas. Não queria se enfiar debaixo da cama, era o esconderijo mais óbvio de todos. Nem no armário, que, para começar, estava abarrotado de coisas, mal ia dar para entrar. Atrás da cortina, seus pés ficariam para fora. Noventa e dois... noventa e três. Não dava mais tempo. Ana agarrou as bonecas pelo cabelo e as jogou no chão, empurrou para debaixo da cama e se enfiou no baú enorme. Se contorceu e fechou a tampa, a cabeça entre os joelhos. Sua posição era desconfortável e o ar era abafado, ali. Tentou cobrir o rosto, para evitar de ser escutada.
- Pronta ou não, lá vou eu!
Era muito difícil continuar quietinha. Sua respiração estava forte e as lágrimas ainda corriam o rosto. Tinha que engolir o soluço e camuflar o desespero até o fim da brincadeira. Ele ainda tinha mudado as regras, que amigo mais bonzinho! Ela não ia precisar correr para o pique. Bastava que se mantivesse escondida por um minuto.
Contou mentalmente. Cinquenta e três segundos... cinquenta e quatro. Cinquenta e cinco. Cinquenta e seis. Faltava pouco para que se completasse um minuto e ela não escutava passos nem risadas de crianças. Deixou escapar uma gargalhada desesperada; estava salva.

Cinquenta e nove.


Conto escrito por Carolina Kiss.

Sabine d'Alincourt

31 comentários:

Unknown disse...

e... ?

Wênnio Junior disse...

Hã?

Daniel Martins disse...

WTF!!! só eu não entendi o conto ??

Luisinho disse...

Não entendi nada.

Unknown disse...

Desculpa,mas se uma boa alma quiser aparecer pra me explicar a historia.

Daniel Martins disse...

esse conto deve ser tipo aqueles enigmas eu acho '-' porq eu n entendi porra nenhuma

Unknown disse...

na minha opiniao , eu acho que a garota foi morta . alguem a matou .
Naquela parte do final em que ela tinha que completar um inuto para poder sair do esconderijo , quando ela soltou uma gargalhada , eu acho que o garotinho viu e a matou . ou ela morreu asfixiada ;pos avia muito pouco ar no bau.Perebe -se que quando ela se conta 59 se diz 'esta salva' eu acho que foi porque ela morreu !!
o.O

DeathReaper disse...

Claramente o garotinho matou todos e ela, a que sobrou, tinha q se esconder para n morrer, mas no ultimo segundo acho q foi pega xD

DeathReaper disse...

Reparem q a autora da dicas: os pais deitados com a teve ligada, eles n a entregariam pq estão mortos, a irmã, na banheira, foi tomar banho ANTES da brincadeira e morreu la mesmo, "o banheiro estava um caos e fedia" devido a morte da garota e ela, a q sobrou estava tentando ser salva.... Eu acho q foi isso.

Coobie disse...

Pelo que eu entendi, o garoto já tinha matado os pais e a irmã dela, dá pra perceber pelas passagens:

"Os dois estavam deitadinhos ali na cama, a TV ligada. Sabia que podia ir e se esconder porque eles não iam a entregar, mas preferiu procurar mais."

Ela sabia que não iriam entregá-la justamente porque estavam mortos, e também foi por isso que ela não teve coragem de entrar.

"O banheiro estava um caos. Sem contar que fedia! Espiou pela fresta da porta, só pra ter certeza, e sim, a menina ainda estava lá, esparramada na banheira, com fones no ouvido, sem mover um músculo sequer."

A irmã estava morta na banheira. O "caos" no banheiro poderia ser o sangue e as vísceras dela que estavam espalhadas, isso também explicaria o fedor.

Também dá pra notar que a menina está desesperada e preocupando-se demais em não fazer barulho, provavelmente presenciou tudo o que aconteceu. Aqui dá pra perceber bem isso:

"Era muito difícil continuar quietinha. Sua respiração estava forte e as lágrimas ainda corriam o rosto. Tinha que engolir o soluço e camuflar o desespero até o fim da brincadeira."

Aqui fica bem claro que foi ele quem matou os demais:

"Ele ainda tinha mudado as regras, que amigo mais bonzinho! Ela não ia precisar correr para o pique. Bastava que se mantivesse escondida por um minuto."

Ele havia "brincado" com os eles também, e os perseguido depois de encontrá-los.

E, por fim, ela estava tão ansiosa para que a "brincadeira" acabasse logo, que acabou se entregando com um segundo de antecedência, o suficiente para que ele a matasse.

Jorge Junior disse...

Concordo com tudo que o Coobie disse. Ao ler o conto também cheguei à essa conclusão!

Goods~ disse...

Bem simples,quem tava contando tinha matado a família dela e fez uma brincadeira pra ver se els conseguia se salvar...

Kim disse...

Eu gostei do conto. É isso mesmo, creio eu, alguma entidade matou a familia dela e a deixou viva para fazer uma ultima brincadeira sádica. Só que eu creio que ela contou vitória rapido demais.

Unknown disse...

Quando a gente é criança tem medo do escuro o tempo todo, menos quando estamos brincando de esconde-esconde, estranho como por alguns segundos a gente fica vulnerável ao que quer que seja e nem se dá conta disso.

Kiss* disse...

MEU DEUS
EU--
Eu não estava esperando mesmo que postassem algum dos meus contos... ;---;

Coobie interpretou bem certinho. É isso mesmo. Agora, quem ou o que era o garoto fica pra reflexão...

Daniel Martins disse...

putz... muito bom o seu conto na primeira vez que eu li achei uma bosta não tinha entendido nada, dps eu li de novo e já deu pra entender q era um enigma, agr q eu entendi o conto achei ele muito foda... parabéns kkkkk

Luisinho disse...

Não esqueçam de pôr o skype de vocês.

Kim disse...

Pra mim o garoto é uma entidade demoniaca que estava agarrada a casa.

LucidAtray disse...

Faz tempo que não leio um conto tão bom no Medo B. Está de parabéns.

Rygon disse...

Entendi algo menos macabro.

Os primeiros tipos de medo que sentimos acontecem na infância, ao ser perseguido, ao se esconder, ao procurar algo/alguém no escuro, etc.

Acho que o desespero descrito no conto tem mais a ver com isso do que com todo mundo estar morto.

Jennifer' disse...

Muito foda, adorei mesmo! Não tinha entendido, aí li de novo, sem palavras.

Idilyo Cardosi disse...

Como no texto a autora se refere a um amigo, um garotinho, imagino que seja um amigo, um amigo imaginario/ entidade malefica, que poderia ter se manifestado possuindo um garoto normal, um brinquedo ou energia ectoplasmica. Poderia ser um assassino tb, que se colocou como amigo se aproveitando da ingenuidade da garota

Desconverse disse...

Concordo com o Rafael Ninja, eu particularmente sempre me senti ansiosa e apreensiva com esse tipo de brincadeira, quase uma sensação de medo. Imaginei que seria isso, o conto descrevendo um sentimento comum das crianças. Confesso que fiquei decepcionada por não ser.

Unknown disse...

NA verdade eu intendi que ala mirreu de asfixia pois des de quando entrou no bau falou que nao conseguia respirar e depois tampou sua boca para que nao saisse som e tb falou que nao ouvia mais nada ela estava perdendo os centidos pois estava sem ar e quando ela da a ultima gargalhada si vai o ar de seu pulmao por completo fasendo assim ela morrer asfixiada por nao conseguir respirar dentro do bau
Foi isso que ru intendi pessoal

Unknown disse...

quando li, "brincadeira de criança" ja pensei..."como é bom, como é bom" kk

simbolos e esoterismo disse...

é o jeff galera
kkkk
é o unico "garoto" assassino que conheço e que tambem teria tamanho sadismo de fazer isso

Barrett disse...

CA-=RA-LHO! Que foda. Não tinha entendido, mas aí com a explicação do mano ali, porra, que incrível. Porra, que foda. Sério, amei.

Polly Azevedo disse...

Muito foda mesmo. Medo B sempre surpreendendo! xD

Cyphel M. Crimsoir disse...

E com uma gargalhada tudo acabou, ela perdeu a brincadeira.
Só faltava um segundo... mas "quase" não te salva.

Unknown disse...

pessoal no meu entender eu acho q esse menino matou todos da familia dela e ele e tipo assim uma amigo muito apegado a ela e a pouparia se ela brincasse com ele de se esconder e pediu a ela pra q se escondesse por 1 minuto ate q ele fosse embora assim poderia deixa-la viva. esta tipo um classico de suspense no ar pois quem e esse menino q matou toda a familia dela e pq a poupou bizarro e demais a historia parabens.

Unknown disse...

Ficou bom mesmo, principalmente porque ele nos força a usar a imaginação... É muito chato aqueles contos que entregam tudo de cara, tira a vontade de ler... O seu prendeu a gente do início ao fim.. Parabéns! ^^