20 de outubro de 2014
Eu sei que meus pais me amavam muito...
Eu era um dos sete filhos e eu tenho que dizer que meus pais não eram muito inteligentes, tentando nos criar com o salário de um único professor substituto. Mas eles nos amavam muito. Eu sei, porque eles falavam muito isso. Eles falavam tanto que poderia ser um tipo pontuação a tudo que falaram.
Nos nossos aniversários,minha mãe e meu pai nos reuniam e contavam a história de como nós viramos uma família, com os filhos mais velhos que tinham ouvido um milhão de vezes, revirando os olhos.
"Você veio para o nossa família chorando e coberto com o sangue da sua mãe. E como chorou, você tem um grande par de pulmões!" Esse tipo de coisa.
Nós não tínhamos muito e o que tínhamos, era compartilhado, as roupas de segunda mão que foram usados até que elas viraram pedaços que foram então usados como trapos. Nada era desperdiçado. Nós mudamos muito, também. Quando fiquei mais velho eu somei dois mais dois e percebi que as mudanças eram porque nós tínhamos que sair da cidade antes que os proprietários furiosos viessem atrás de nós cobrar o aluguel.
Então, sim, as coisas estavam apertadas, mas nós também. Minha irmã mais velha falava comigo todos os dias por telefone mesmo quando ela foi para a faculdade. Meus irmãos estavam sempre lá para mim quando as crianças do bairro me provocavam. Essas crianças eram más da maneira que apenas crianças podem ser. Muito disso tem a ver com os boatos que nós éramos todos filhos bastardos de vário casos que minha mãe tinha tido. Eu acho que eu posso entender por que eles poderiam pensar isso; olhando bem nós realmente não parecíamos nada um com o outro. Mas meus pais estavam loucamente apaixonados, e eu sabia que eles nunca sequer pensaram em traições.
Havia apenas mais um filho depois de mim. Mamãe não deixou transparecer que iríamos ter outro irmão até a hora chegar. Queria ter certeza sobre isso, eu acho. Fiquei surpreso que eles estavam tendo outro - eu era um pré-adolescente na época e pensei que eu ia ser o bebê da família para sempre. O pobre garoto ia ter a mesma idade de minha sobrinha, já minha irmã teve seu primeiro bebê quando a mãe fez o anúncio.
Um mês de espera, reclamações sobre berços e nomes do bebê. Então meus pais foram embora por alguns dias e, quando voltaram, eu tinha um irmão mais novo.
Quando eu coloquei meus olhos sobre ele, tive um mau pressentimento na boca do estômago. Eu sabia como os recém-nascidos saudáveis eram pelas fotos de bebê da minha irmã. Meu novo irmão não se parecia com um recém-nascido saudável.
Se eu soubesse o que eu sei que agora, eu teria dito a alguém. Serviço para crianças, um professor talvez. Mas eu estava alegre, ignorante, e eu não fiz nada.
Eu tentei tratar meu irmãozinho como um membro da família, eu realmente tentei. Mas eu acho que foi um alívio para todos quando eu me mudei, alguns anos mais tarde. Muita tensão.
Cinco semanas antes de me formar, recebi o telefonema. “Venha para casa rápido. A mãe tem câncer”. Larguei tudo para ficar com ela. Você não iria?
Minha irmã virou médica, eu falei isso? Ela basicamente se mudou para cara, e virou enfermeira em tempo integral da mãe. Pela expressão dos lábios franzidos que ela me deu quando me cumprimentou, eu soube que era ruim.
Mamãe manteve a cabeça para cima, mas depois de alguns meses, ela se foi. Lembro-me de minha irmã ficar até muito tarde, lendo a informação médica da mãe e resmungando sobre como impossível tudo era. Eu não entendia então, mas entendo agora.
Logo após o funeral meu pai pegou seus remédios, foi para o banheiro e foi se juntar com a sua amada. Ele nos deixou uma carta, maldito.
Depois que a polícia e a ambulância terem ido embora, eu vi meu irmão mais velho ler a carta antes a atirar na lareira. Ele disse que não precisávamos saber por que o pai fez o que fez. Que todos nós tínhamos que saber o quanto ele amava nossa família e nossa mãe. Ele olhou diretamente para a minha irmã quando ele disse isso.
A sensação de mal estar que senti, se acumulou por oito anos. Mais tarde, quando eu busquei os registros médicos de minha mãe, eu finalmente entendi esse sentimento.
Minha mãe tinha um histórico de câncer de ovário em sua família. Merda, minha mãe tinha um péssimo histórico médico. O que deve ter sido mais devastador para ela foi a infertilidade . Não depois do meu irmão mais novo, oh não. Foi dois anos antes da minha irmã mais velha. Ela sempre me disse que queria uma família grande.
O trabalho “comum” que meu pai trabalhava. As mudanças constantes. O jeito como todos nós parecíamos diferentes. As gravidezes não anunciadas antes do tempo. As histórias de aniversário. O suicídio.
A maneira como meu irmãozinho parecia no dia em que meus pais o levou para casa. Não era como um recém-nascido real. Como um recém-nascido da TV. Como um bebê com dois ou três meses de idade.
E, finalmente, o fato que eu procurei mais tarde, depois que ter ficado completamente bêbado: A série de assassinatos que seguiram a trilha de minha família esse tempo todo.
Viemos todos para a família chorando e cobertos com o sangue das nossas mães. Mas não com o sangue da mulher que nos criou.
Dica da @sanseverini, tradução @Mohamed
Bons Pesadelos...
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12 comentários:
Legal, mas, cliché.
^^
Até que foi legal, mas depois da metade parece que começaram a correr para terminar mais rápido XD
SHOW!!!!
Clichê onde, minha gente? Eu nunca vi pelo menos aqui no Medo B nenhum tipo de conto do tipo.
Muito bom!
Credo.
Adorei, muito criativo \o/
Eu não entendi o final .-.
aff, n da medo..
Oi?! clichê?? Onde?
O final foi imprevisível e realmente não deu medo, mas o suspense rondou do inicio ao fim. Galera que entra no Blog pra dizer que ta sem graça ta precisando montar seu próprio blog de terror e fazer melhor.
Exatamente. adorei o conto também!
A mulher era estéril e pelo que deu para entender, ela matava mulheres com bebês e os criava. Por isso a diferença entre todos
ou seja, ele nunca vai saber quem foi a mãe dele e todos aqueles que eles chamavam de irmão eram.... não eram nada dele, ele estava sozinho no mundo! :/
triste isso!
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